Convocatória para o Congresso de Fundação da Nova Seção da ICR no Brasil, de 20 a 23 de novembro de 2025, na cidade de São Paulo
O início do novo governo Trump nos EUA marcou o fim da ordem mundial imperialista estabelecida desde o fim da 2ª Guerra Mundial. Entramos em uma nova situação mundial em que não há mais nenhum “acordo de cavalheiros” entre as potências imperialistas. A trégua estabelecida em Bretton Woods acabou e, com ela, todos os organismos multilaterais criados para dar suporte àquela ordem mundial se tornaram obsoletos: ONU, FMI, BIRD, OTAN, OMC, etc. Trump se viu obrigado a encerrar a trégua imperialista devido à emergência de uma nova potência imperialista que cada vez mais desenvolve o potencial de desafiar a hegemonia dos EUA: a China.
Compreender esta nova situação mundial é desafiador e está colocando à prova todas as organizações da classe trabalhadora ao redor do mundo, em especial aquelas que pretendem se construir como potencial direção revolucionária da classe. Aqui no Brasil, a organização que vinha se construindo como a seção brasileira da Internacional Comunista Revolucionária infelizmente não passou nesta prova. A maioria da direção da OCI (Organização Comunista Internacionalista) não soube analisar adequadamente a mudança na situação mundial. Devido a concepções teóricas equivocadas, idealistas, não podiam aceitar que um país que havia sido dominado pudesse se tornar um país imperialista. Isso os levou a negar o papel que a China está jogando hoje no mundo e, consequentemente, a não compreender porque a ala da burguesia americana que venceu as eleições encerrou a ordem imperialista mundial ou até mesmo porque Trump aplica o “tarifaço” sobre países como o Brasil, onde o capital dos EUA busca manter seu domínio frente à chegada do capital chinês.
Essa incapacidade de analisar corretamente a realidade e de dar respostas adequadas às questões concretas às quais a classe trabalhadora está defrontada levou a uma crise política no interior da seção brasileira da ICR. Uma fração minoritária se formou na direção da OCI, adotando as análises corretas da Internacional, enquanto que a maioria da direção da OCI ficou apegada às concepções equivocadas que alguns dirigentes haviam desenvolvido com base numa interpretação dogmática dos textos de Lenin e Trotsky. Finalmente, quando a maioria da direção da OCI constatou que poderia perder o Congresso marcado para novembro, decidiu pela ruptura unilateral com a Internacional Comunista Revolucionária, faltando apenas 2 meses para o Congresso da OCI.
Nós, que defendemos e mantemos as concepções e perspectivas da ICR no Brasil, que nos apoiamos no método materialista dialético, reunidos em uma Conferência de Emergência em 21 de setembro de 2025, com mais de 100 camaradas de todo o Brasil, decidimos convocar um Congresso para os dias 20, 21, 22 e 23 de Novembro de 2025 em São Paulo, para fundar a nova seção brasileira da Internacional Comunista Revolucionária.
Esta nova situação mundial aberta, com o fim da trégua imperialista, com a disputa cada vez mais acirrada entre os imperialismos, em particular entre EUA e China, tem implicações enormes para a luta de classes em todos os países. Estamos entrando em uma nova época em que revoltas populares, insurreições e verdadeiras revoluções proletárias estarão cada vez mais na ordem do dia! E o início desse processo já salta aos olhos do Nepal à França, da Indonésia à Sérvia. Mas também será um período do acirramento das guerras que o capitalismo já nos impõe. Situações como a guerra na Ucrânia podem ser reproduzidas em outros lugares.
A ferida aberta de nosso tempo, o genocídio na Palestina, o massacre de uma população inteira com todos os tipos de direitos humanos violados e crimes de guerra perpetrados, pode se tornar referência para as potências imperialistas de como dividir populações em linhas nacionais, religiosas, para conter revoltas e seguir sua pilhagem. A total inutilidade da ONU se faz evidente quando suas declarações e seu reconhecimento tardio do genocídio sobre a Faixa de Gaza não foram capazes de mudar em nada o avanço genocida do Estado de Israel sobre os palestinos.
Em contraposição, as ações da classe trabalhadora organizada nos portos mundo afora, os acampamentos e manifestações da juventude, inclusive dentro de Israel, apontam o caminho de como podemos barrar esse genocídio! Mas é preciso organizar o movimento internacionalmente e furar o bloqueio das direções burocráticas das organizações da classe trabalhadora.
No Brasil, a disputa entre os capitais dos EUA e China já está determinando as relações entre frações da burguesia e ações dos governos nos últimos 15 anos. O tarifaço de Trump e a resposta de Lula aproximando-se mais da China são expressões disso. As eleições de 2026 estarão fortemente influenciadas por essa disputa. As novas gerações da classe trabalhadora cada vez mais estarão enfrentadas ao capital americano e chinês que buscam se reproduzir em solo brasileiro, esfolando os trabalhadores. A luta pela redução da jornada de trabalho, pelo fim da escala 6×1, para impedir que tragam da China a escala 996, são também expressões deste processo.
A juventude não enxerga um futuro em que possa gozar do que é produzido pela sociedade. A falta de perspectivas, a não ser empregos cada vez mais precarizados, repressão, violência policial racista, mais guerras e opressão, crise climática etc., tem levado um número cada vez maior de jovens a buscar saídas verdadeiramente radicais para a situação. Por isso vemos uma crescente busca pelo comunismo entre a juventude, não apenas no Brasil, mas em um número crescente de países.
Vamos construir a seção brasileira da Internacional Comunista Revolucionária para oferecer às camadas mais avançadas da juventude comunista no Brasil uma organização que prioriza a teoria revolucionária, preparando as condições para ajudar a nova geração do proletariado brasileiro a ir além dos soviéticos e outras experiências internacionais do proletariado. Não temos nada a perder, temos um mundo a ganhar! Venha agora construir uma nova organização revolucionária no Brasil: a seção brasileira da Internacional Comunista Revolucionária!
21 de Setembro de 2025
Aprovado por unanimidade pelos mais de 100 camaradas que compareceram à Conferência de Emergência em defesa da Internacional Comunista Revolucionária no Brasil